domingo, 2 de agosto de 2009
À vontade
Assim começo essas linhas como tantas outras que comecei sem saber, ao certo, onde parar.
Linhas são como copos d’água em mãos sedentas, como piscinas em tempos de verão que não se vê ou como coração em dias de cada dia.
Por isso agora podes ler essas linhas embebidas de desejos e vontades próprias, minhas próprias vontades.
Sou um amante dos extremos. O caminho do meio sempre me pareceu meio sem graça.
Em minha poesia, é esse sentimento que me norteia: Fazer o sul está na linha logo abaixo.
Frases que se encaixam uma a uma e palavras intrusas que as permeiam.
Onde mais sou eu de verdade?
Minha inquietação é frase incerta, palavras malditas ou qualquer coisa por menor.
Será isso tudo vontade de... VONTADE sempre ela. Percebe?
Em meus raros sonhos de poucas horas mal dormidas que, de tão leves, se confundem com a vigília, eu sonhei ou pensei:
Se posso ter a tudo e conquistar a tudo mais, quero trazer tudo comigo. Ter meu mundo no bolso...
Conhecê-lo ao fundo como conheço as cédulas da minha carteira vazia.
Saber que a vida não é feita só de passos adiante... A vida é uma caminhada e em todo caminho há retornos, curvas e placas caídas... Ah! há sempre gente pedindo carona também.
Descobrir que ser feliz é saber que se pode ser feliz quando se bem quiser e lembra disso a todo momento.
E depois escrever isso – o que eu bem entender - às quatro páginas do mundo afora pra aqueles que não entendem.
domingo, 19 de julho de 2009
Pretérita espera futura
Parecia estar de luto, ela, a noite.
Pesada, calada e fria.
Nada esperado havia acontecido naquele dia.
Havia esperado pelo dia errado.
A noite foi sendo ela mais e mais e
Fazia das estrelas luz em sua escuridão.
Dos insetos então fiz companheiros,
Dos pensamentos sombras e sobras
E do relógio, fora de hora, fiz adoração.
Assim tudo prosseguiu naquela noite: Parado.
Minha inquietação fez de mim mobília da sala assombrada
E do espelho vitrine de reflexões sob minha óptica.
Foi então que o hoje daquele dia virou aquele amanhã seguinte.
Tudo que não havia chegado no dia anterior,
Chegou naquele dia, no dia depois daquele...
O dia seguinte nunca chega no dia em que se espera por sua chegada.
Baboseira
Cansado de tudo e de todos por todos parecerem iguais.
Vivo cada dia como se fosse o último, mas isso nunca acaba.
A morte é um descanso quando a vida é um descaso.
A vida é imoral e todos que sabem disso nada fingem saber.
Agem como se o passo seguinte fosse uma perseguição.
Cada um escreve sua história, mas falta criatividade em cada uma delas.
Uma delas é minha, as outras são deles e juntas são nossas.
Difícil é seguir a vida como se ela tivesse vontade própria.
Se a vida corre à rédeas soltas só significa que há rédeas e toda rédea tem sua função.
Imposição pra mim é a lei e toda lei deve ser imposta!
Que seja do meu jeito ou de outro, mas que seja como eu quero.
Que a noite escura seja, assim, escura por minha vontade.
E que o dia surja sempre ao mesmo horário por ser pontual o meu amanhecer.
Que eu acredite que só há desespero pra aquele que não sabe esperar;
E que eu nunca me desespere por esperar acreditar nessa baboseira.
sexta-feira, 12 de junho de 2009
quarta-feira, 10 de junho de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Samba sem pé nem cabeça.
Quando tudo que é poderia ter sido de outro jeito.
Ah! Eu levanto da minha cama vazia, me viro e me deito cheio de mim.
Busco pela casa por cada incômodo olhar.
Busco pela vida que se foi quando disseras não voltar.
Que se foi porta aberta num incômodo olhar.
Quando tudo que se foi poderia ter sido, então, de outro jeito.
Isso é vida, linda morena, linda morena és a vida.
Minha vontade que se volta contra mim a seu favor.
Mas agora quem parte sou...Parto o meu coração.
Parto o espelho do quarto pra não mais refletir ,
Mas gravado está em mim e isso já está aos pedaços, doce morena.
Melhor que sejas assim quando de outra forma não pode ser e, então,
Qualquer dia desses ou em outro dia, desses, qualquer,
Tudo, linda morena, possa ser de outro jeito.
sexta-feira, 5 de junho de 2009
Divino erro
“A vida é leitura”. Disse-me um dia um amigo com o olhar cansado.
A vida foi escrita em linhas tortas e isso está claro e evidente em suas entrelinhas.
A divindade que a escreveu não me atribuiu tamanha divindade em ordená-las
E, por isso, tudo aqui parece, sempre, estar precisamente fora do seu lugar quando mais necessário se faz cada coisa.
O que posso eu fazer a não ser criar métodos e motivos tão tortos quanto as linhas escritas?
Só me resta a opção de enfileirar-me entre os que sempre se postam enfileirados
Seja lá pra onde for e por motivo qualquer.
Resta-me seguir a linha de raciocínio que já está divinamente escrita à espera dos tombos.
Por que eu deveria agir de diferente modo e da linha escapar?
Por que encarnar tamanha ingratidão filial perante o pai tão amoroso ao ponto de, a meu favor, despejar em mim todo o peso da sua cruz que por cima de si mesmo despencou?
Ser analfabeto é a maior das bençãos num mundo escrito às avessas.
Ser ignorante é o maior dos remédio para expurgar o mundo doente de dentro de nosso mundo.
Veja como os dias se sucedem como uma praga que se aloja no seio do enfermo mundo trazendo uma desgraça nova a cada nova aurora.
Repara como tudo parece seguir em frente como os sintomas do infortúnio terminal.
O sol que jamais denega a função de fazer febril um mundo já moribundo.
A luz que escapa do céu e te invade as janelas faz do céu um túnel e o iluminar uma luz.
O céu é um túnel e o sol a única garantia de um fim ordenado à se pôr.
Tu que credes na vida deveria viver e mudaria de opnião.
Acreditas tu em si mesmo e serás o mais ingênuo e o maior dos enganadores.
A vida é uma dose de whisk de qualidade duvidosa que se deve beber em gole profundo
E os que bebem-na em curtos goles se desesperam ao fazê-los numerosos ao infinito.
O amargor marcará cada um deles que, ao final, perceberá que nada ganhou ao encher o copo.
Perceberá que o valor da bebida é fazer-se embebida a consciência e entorpecida a compreensão.
Nenhuma vantagem há em manter o copo cheio, assim como não há em esvazia-lo.
Qual sentido então em existir copo e conteúdo? Conteúdo e continente?
Tudo é uma coisa só que juntas formam coisa alguma. Tudo isso não é nada!
Nada importa e por isso mesmo nada é digno de importância.
Tanto faz se vai ou se volta ou se torna a ir ou a voltar.
O ciclo é uma praga e é a praga um consolo ao dar cabo nesse imundo.
Achas que sou triste por dizer-te estas palavras que julga-as loucura cada uma delas?
Tolo! Como Pessoa, sou consciente e essa é a maior das felicidades que um peito pode conter e um estômago digerir.
Tenho consciência de que tudo que está aí está em seu lugar e eu sempre no lugar errado, pois independente de quais linhas escolher elas sempre serão divinamente tortas
E o erro divino é o mais terrível dos erros por divinos eles serem.
quarta-feira, 3 de junho de 2009
Apaixonado pelas paixões
Sou um apaixonado pelas paixões.
Um eterno graduado dos frios na barriga e dos calores no peito,
Sereno expectador da interna tormenta e
Admirador da minha estrada mesmo sendo ela estrada qualquer.
Sou pirata que rasga mapas e atira, longe, bússolas em toda e qualquer direção.
Não escolhi estibordo que nem sempre é um bombordo.
Na verdade, nunca escolhi nada.
Tudo foi seguindo suas correntes, as mesmas que me acorrentaram a esse destino que se fez meu.
Nadar contra a correnteza nunca me levou a lugar algum que não este.
Não sei o que o futuro me reserva ou ao que, inconscientemente, me destino,
Por isso pago o preço por cada dúvida malcriada, malpassada... Dívida enfim.
Hoje sinto uma paz que me tira a paciência talvez,
Mas sei que esperar o por vir é melhor que se desesperar em ver.
O que posso fazer? O que de fato pode ser feito?
Engoli muito a dizer, mas sinto já não ter estômago pra isso.
Há muito descobri que abrir mão dói no peito e que coração apertado sempre sai pela boca.
Aprendi a rir das tragédias da vida e ela tem me feito sorrir mais a cada dia.
Melhor deixar a vida se encarregar em ser vida e eu em suportar o seu fardo,
Melhor acreditar que tudo tem um propósito maior,
Melhor acreditar que por maior que ele seja que eu posso resistir a sua passagem
E que é melhor eu viver a minha vida e mesmo quando à parte eu estiver que seja na parte de dentro.
O que posso fazer? O que de fato pode ser feito?
Sou um apaixonado pelas paixões.
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Dias de paz
Os dias de paz são todos iguais e
Um guerreiro só se sente feliz em combate.
Só o conflito acalma uma mente inquieta,
Só a trincheira acomoda um coração hostil,
E só a vida sacia um ser verdadeiramente vivo.
Serenidade é pra poucos e eu sou como muitos.
Muitos buscam aquilo que , por engano, acham.
Eu não procuro por nada, por isso não acho nada de coisa alguma.
Hoje sei que não devo nada rebuscar. Simples enfim.
Minha mente, a presa, plana como pássaro faminto à caça.
Meu coração bate forte pra tentar acordar a si próprio.
Sereno...? Só quando na noite o sereno vem.
Hastear bandeiras e enfileirar tropas é o ofício do general.
Invadir território inimigo já não me serve mais. Não me é servil.
Desbravar minhas próprias trincheiras. Eis a minha Santa Guerra!
Minhas frontes que suam, suam por serem frontes.
Meu prazer é ser vivo e como é difícil ser vivo a cada dia.
Prefiro o canto da morte à viver pelos cantos como um morto vivo.
Prefiro, apenas, ter dias diferentes à paz indiferente dos dias iguais.
Declaro guerra a mim mesmo e a todo o Pacífico.
Encontro no mais recôndito esconderijo da mente
Sinais mais claro e evidentes das minhas próprias mentiras.
Meu coração pulsa, minha mente pulsa, minha alma pulsa...
Mas com o pulso firme mantenho-nos pulsando.
Com o espírito inquieto abro trincheiras sucessivas,
Do coração distinto faço leal distintivo
E nos dias iguais faço da paz coisa diferente.
sábado, 30 de maio de 2009
terça-feira, 26 de maio de 2009
Sangue vermelho barro
Minha palavra é de massapê.
Minhas estrofes, quem dera ser, poeira que o vento leva.
Minha origem é pó em si, Ci em Pó ou vice-verso.
Pó que faz do suor o belo e do suar a beleza.
Minha caatinga colorida em tons de cinza
É a minha força que açoita longe a erva danada.
Meu sertão amado feito um prato ao olhar do meio dia.
Meu chão quente como quente corre o meu sangue
Que se corre é por ter pressa em retornar.
Meu sangue é de barro da cor dos olhos sem pão.
Meu coração é casa de taipa onde caibo nele e ele em mim.
Sou frágil fortaleza que por ser frágil ainda mais fortaleza sou.
A vida me diz o tom e eu toco a prosa em frente.
É assim que se toca pelas bandas de lá.
Sou o juazeiro à beira da estrada, a macambira do canto da cerca, o juá que faz sombra na cancela aberta...
Sou a volta da labuta com enxada nos ombros e as costas arqueadas com o peso do mundo...
Sou do sertão e por isso meu verso certo é sertanejo.
Meu coração é casa de taipa, de barro é o meu sangue e
de massapê é a minha palavra.
Palavra forte sem frescor e sem frescura.
domingo, 24 de maio de 2009
Meu credo
Deus!
Nem lembro quando, para mim, passou a ter “D”.
Será que passou ou passou simplesmente?
Minha fé é a sombra do meu ceticismo
E o Senhor só me dá provas da tua inexistência.
Mas, mesmo assim, és tu que me dá tais provas.
Não me dá respostas mas, quem se não tu, elabora minhas perguntas?
É na ausência mais absoluta que te sinto presente.
É quando as folhas, ao vento, te acenam,
Que tu prestas homenagem a ti mesmo.
Eu sigo na estrada da minha vida.
Acreditando na dúvida e duvidando das certezas.
Tudo está certo. Tudo está em seu lugar.
O quê? Onde? Não sei...
terça-feira, 19 de maio de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Poeta amador
O poeta escreve certo entrelinhas tortas.
Há muitas linhas a seguir e muito papel a interpretar
Cobrir o mundo de tinta é o que está na pauta.
Cobrir o mundo em tons grafite e embrulhá-lo fazendo o meu papel.
Sem borrões, mas se borrões houver deixo-o borrar
Há na vida papel pra todo mundo.
Sou um poeta amador. Amo a vida, o papel, a tinta ...
Apaixonado por refletir na superfície branca minhas mais profundas sensações.
Sinto a vida da minha forma, da minha maneira. Eis o meu papel!
Subo e desço quase sempre afastado da margem, mas atravesso se preciso for,
Como se preciso fosse.
E, se for, sei voltar na hora que precisar. Como se preciso fosse.
A cada poema sou, eu, novo em folha.
Eu e minha impressões remamos na mesma direção pra que o barco faça algum sentido.
Sou um amador!
sábado, 9 de maio de 2009
Essa foi por pouco
Hoje sou diferente. Sou mais eu que nunca.
A liberdade sempre vem com ares de apreensão.
Ao se criar asas, sempre se tem medo da altura.
Mas o tempo se encarrega de tudo.
Tudo passa, menos o tempo que está sempre passando.
Sou livre! Vôo a qualquer parte ou a parte alguma.
Escolho o que quiser ou não escolho nada, se assim escolher.
Sem medo semeio cada dia e me recolho a cada noite.
Não há mistério porque não o procuro. Não acho nada.
Hoje acredito em mim, me entendo e absolvo-me.
Tudo é muito vasto, muito vago, imensidão...
Não se deve pagar com a própria vida,
É um preço muito alto pra qualquer dúvida.
Deixo o que passou passar.
Não prevejo meu futuro, mas vou escrevendo meu caminho.
O vazio que sentia era a minha falta.
Ah, que falta que a gente se faz!
Sou feliz ao acaso, por acaso, a esmo.
A hora vai chegar, ela sempre chega na hora.
Não estou esperando nada, por isso não tenho pressa.
Vivo cada hora que chega, fica e passa.
E, quando ela passa não me importa mais, pois já passou.
Como o meu hoje é o teu amanhã, desejo um bom dia a todos os que agora têm uma boa noite de sono. Abraços...
quinta-feira, 7 de maio de 2009
Comumente
Apenas penso, digo e faço aquilo que tenho em mente.
Em mente a cada instante.
Minha verdade é eternamente circunstâncial.
E cada uma delas tem sua hora contada em segundos...
Minha opnião é tropa em frontes diversos.
Ela é mutável, por isso é mais verdade a cada momento.
Não é falta de personalidade é personalidade em demasia.
A noite e o dia alternam-se, mas a noite não é um dia obscuro,
Tampouco o dia é uma noite clara. Não, não é.
Estando a anos-luz as coisas parecem claramente distantes.
Na escuridão da noite o algodão continua a ser alvo.
Minha mente não é alvo fixo ou coisa permanente.
Mudo a cada momento para ser o mesmo em todo e qualquer instante.
segunda-feira, 4 de maio de 2009
Cargas d'água por hora
Meu relógio marca a hora exata deste dia qualquer.
Dia comum de horas numerosas e imprecisas.
Qualquer dia desse mando o tempo passar adiante.
Alguns dias tem horas demais a passar,
Em outros as horas são passageiras de dias aéreos.
Qualquer dia desse eu atiro fora meu pulso por temor ao relógio.
Por que contar o que não é da minha conta?
Mas o tempo vai passando com o tempo.
Quanto tempo tenho pra fazer diferente aquilo que tem por natureza ser igual?
Toda hora é igual por todas serem diferentes uma das outras.
Sou do tempo em que esperar era a única solução.
Agora esperar é esperar o pior acontecer.
Correr atrás do tempo perdido é o que se faz o tempo todo.
Mas como hoje é apenas um dia qualquer onde qualquer hora leva horas a passar.
Melhor eu ter pulso firme e mantê-lo no lugar.
Literatura de ponto de ônibus
Que não seja que é chuva e que vem do alto.
Desce e molha a tudo e a todos por inteiro.
Um por sua vez a vez de cada um.
A chuva nada diz. A chuva cai, simplesmente cai a chuva.
No inverno ela cala bem mais alto...
A chuva escorre pelas ruas desertas de gente.
Enxurrada de tudo que pode levar,
De tudo que pode ser seu.
Enquanto espero que ela passe, passo a chuva.
Penso: por que da chuva? Por que de...
Ah! Sim, estiou. Deixe-me ir...
sábado, 2 de maio de 2009
quarta-feira, 29 de abril de 2009
terça-feira, 28 de abril de 2009
Finalmente pelo começo
Quando se aprende a andar o que menos importa é a direção. Que sentido faz preocupar-se com o rumo quando mal se consegue ficar de pé? Que importância tem o caminho comparado ao milagre do movimento e do equilíbrio? Foi assim que tudo começou: Sem motivo definido, mas definitivamente motivado a fazer algo que não fazia a mínima idéia do que seria. Andei por várias linhas e escrevi errado por grande parte delas, pois a minha divindade se limita ao fato de ser humano. Falei sobre muita coisa e fui simplório numa infinitude delas até achar aquilo que julgo ser o ponto - aqui o equilibrio e a direção começam a fazer sentido – em que posso acrescentar.
Meu avô, com sua calma que me tirava a pouca paciência que tinha, ensinuou silencioso mais uma vez a trilha a seguir: O meu bom senso. Confio cegamente na minha conduta por tê-la herdado a partir do seu ponto de vista. Posso até errar e erro sempre que posso, é o que parece, mas sei muito bem o que deve ser feito e é isso que está em pauta: O caminho. Se o margeio é por saber que o erro fotalece o acerto e que a mentira é o fundo perfeito pra ilustrar-se a verdade.
Sertão não foi o único, foi unicamente a última frase de uma fase primeira, foi o abotoar do colarinho, a tinta da parede polida, o galope singular do trotante cavalo, o olhar para os lados, ao atravessar a rua, quando o caminhar já tinha-se feito coisa natural.
Exponho aqui uma pequena sequência desses verdes poemas que pra mim tem tanto valor por serem responsáveis pelo que hoje valorizo. Desculpem postar algo tão simplório, mas foi assim que tudo teve início e assim termino essa introdução: Pelo começo. Espero não decepcioná-los.
Abaixo:
1)Geometria ar seco
2)Rio Itapicuru
3)Riso razo
Geometria ar seco
As margens paralelas dos rios não se cruzam por aqui.
Nesta terra o silêncio fala alto.
Aqui não tem rádio ou radianos,
Mas sobram graus nas têmporas a temperar.
Por todos os lados: sol e sal. Sal, sol e só.
Nada é parecido, similar ou adjacente. Calor!
Se sente. O chão quente a nos maltratar.
Maltratar com a pedra, o fogo e o ferro. Mormaço!
Nesta terra é proibido chorar
Por questões racionais, por racionamento.
Se o futuro a Deus pertence,
Será das águas, o diabo o senhor?
(Poema que teve como intenção mostrar e enfatizar a dificuldade da viva do sertanejo numa região tão seca e seu sofrimento frente a tudo isso. Mostra ainda a sensação de fim de mundo que tudo isso passa - infinitamente longe de tudo - e encerra questionando a fé que acalenta o peito desses homens. Será justo tanto sofrimento?)
Rio Itapicuru
Eu ri para a vida.
Eu sou o rio.
Assim como o rio busca o mar.
Eu procuro amar.
Amar a mim e aos meus entes.
Amor em meu leito e no dos meus afluentes.
Onde minha foz rouca e afinada
Grita permanente e não se pode barrar. Barragem!
Até meus signos morreram aos cardumes.
Às minhas margens, matas e desmatas.
Conheço a vida ladeira abaixo.
Sou doce, mas um dia minhas lágrimas serão salgadas.
Ainda assim meu cochilo à sombra dos arbustos vem sereno.
Sem pesadelos, sem assombrações.
Eu sou o rio.
(Poema que exalta o rio que atravessa a minha cidade - Cipó-Ba - rio de beleza rara, mas que foi explorado de forma criminosa. O rio Itapicuru hoje exibe chagas e cicatrizes destes abusos e, ainda assim, se mostra belo e generoso com esta cidade abençoada)
Riso raso
Os afluentes deste rio são meus entes queridos.
Queridos outrora e que se foram no presente que me foi dado.
Herança maldita, como malditos são esses versos.
Cada linha escrita, um filete que se derrama.
Bancos lucram. Bancos de areia são criados.
São só falas, falências, falácias e falésias.
Nenhuma providência é deveras tomada. Sequer a Divina.
Tomada? Energia!!!
( Poema que denúncia os abusos sofridos pelos rios, nordestinos em particular, que são explorados de forma irracional. O que é a sensatez frente ao interesse econômico?)
domingo, 26 de abril de 2009
Sertão
Este poema foi escrito em homenagem a minha adorada cidade - Cipó-Ba - e a todos aqueles que, assim como eu, nasceram, cresceram, estudaram, moraram, veranearam...Enfim, tiveram uma relação mais íntima com essa terrinha abençoada.
É dedicada a todos aqueles que ao invés de criar raízes, escolheram criar asas. Asas para voar alto, desbravar fronteiras e descobrir o quão grande pode ser o mundo e a nós mesmos e que, depois de tudo isso, descobriram o quanto é bom voltar para nosso ninho, nossa terra, nossa referência, nossa Cipó...
É dedicada a todos que: Viram ou participaram da Semana Cultural; jogaram bola no Campo da Sucata, apostado geladinho ou tubaína; tocaram violão com a turma reunida nos degraus do Grande Hotel; participaram dos luais na Praia do Rio; tomaram banho na cascata de madrugada; comeram jaca nas noites de terça-feira; que conheceram o Zé da galinha, o lendário Bode biriba e a sedutora Madame Ray.
Não sei bem pra onde vou, sequer sei o rumo da minha romaria, mas sei que, logo ou talvez um dia, estarei em meu canto, minha terra, minha fortaleza, minha Cipó.
Sertão
Nasci e me criei lá no Sertão.
Foi lá que aprendi a Sertão...
A Sertão forte, a Sertão digno e a Sertão feliz.
Se o Sertão é seco, é porque levamos toda a água nos óio e
Quando de lá estamos longe, irrigamos nossa terra com a oftoirrigação.
Mas as coisa por lá tão miorano,
Depois que as pranta da Caatinga fundaro uma tar associação.
Eu já vi Cabeça-de-frade dando luzes e Unha de gato manicure,
Se arrumando pra reunião com São Pedro, pra trazer água pra região.
Quem já ouviu o baruiu da inxada no chão seco e quente não se esquece...
Aprendemos a lição e batemos com a enxada do coração no chão seco da nossa mente.
Já vi Mandacaru morrer de sede no meio do verão...
Mas nunca hei de ver um cabra sertanejo deixando de sertão...
Sertão forte, Sertão digno e Sertão feliz.
( Vítor, você pediu e aqui está o poema de que tanto gosta. Abraço, meu velho)
sexta-feira, 24 de abril de 2009
Café
Gosto do café amargo.
Porque esse é o gosto do café.
E, por isso gosto dele: Pelo jeito que ele tem.
Cada coisa tem seu jeito.
O jeito de cada coisa.
E, tem-se que gostar de cada coisa,
Por ela ser essa coisa e não outra ou coisa nenhuma.
Nunca reduzi as coisas a açúcar.
Nunca me agradou a idéia de tudo ser uma coisa só.
E, ao tomar meu café, amargo. Penso:
Que bom que não existe açúcar pra pessoas...
Ao meu Mestre, com todo o amor. Bacelar
quinta-feira, 23 de abril de 2009
Sorria, hoje é o Dia Nacional do Chorinho.
No dia 23/04, comemora-se o Dia Nacional do Chorinho, o mais brasileiro de todos os ritmos que tem no Mestre Pixinguinha o seu maio ícone. Acompanhe esse vídeo que mostra todo o talento e devoção com que esse gênio da música brasileira executava suas canções.
A indicação do dia 23 de abril deve-se ao fato de ser a data de nascimento do mais ilustre representante do chorinho brasileiro o nosso Pixinguinha, que estaria completantado em 2009, 102 anos de nascimento, sendo esta portanto uma forma de comemorarmos com chave de ouro o aniversário do grande mestre.
Alfredo da Rocha Vianna, flautista, saxofonista, compositor, cantor, arranjador e regente, nasceu no dia 23/4/1897, Rio de Janeiro, RJ, e morreu no dia 17/2/1973 na mesma cidade.
Há uma controvérsia em torno de seu verdadeiro nome. Na certidão de batismo, consta apenas o nome de Alfredo. Já na certidão de nascimento, consta o mesmo nome de seu pai, Alfredo da Rocha Vianna. De acordo com o livro Filho de Ogum Bexiguento, "alguns documentos particulares (recibos, carteirinhas de clube, jornais) registram-no como Alfredo da Rocha Vianna Filho. Já a certidão de óbito, além de diversos jornais, falam de Alfredo da Rocha Vianna Júnior." Mas ao que parece, Pixinguinha não se importava muito com isso. Uma outra controvérsia se deu por volta de seu septuagésimo aniversário, quando seu amigo Jacob do Bandolim lhe contou que obtivera na Igreja de Santana a certidão de batismo do compositor, que indicava a data correta de seu nascimento: 23 de abril de 1897, ou seja, um ano antes da data que Pixinguinha pensava ter nascido: 23 de abril de 1898. Quando este soube do fato, pediu a Jacob que não comentasse com ninguém, porque seria frustrante para muita gente saber que todas aquelas comemorações (das quais participaram célebres políticos e alguns dos maiores nomes da MPB) não tinham razão de ser, uma vez que o 70º aniversário ocorrera um ano antes. Pixinguinha detestava confusão".
"Vida Eterna ao chorinho: Poesia cantada em verde e amarelo "
quarta-feira, 22 de abril de 2009
terça-feira, 21 de abril de 2009
O vento sempre está a favor de quem sabe mudar a direção.
Assim dizia a minha avó quando ela achava que adiantava dizer alguma coisa. Ela continua dizendo, mas como não tem esperanças de ser ouvida, isso faz de mim um excelente ouvinte. Devemos prestar atenção nas pessoas e nunca dar-lhes atenção. Como podemos dar a alguém aquilo de que tanto precisamos? Devemos escolher nosso caminho com paciência e naturalidade. Isso implica achar natural o voltar atrás e escolher um outro caminhar. Se há mais de uma trilha significa que alguém já se arriscou antes pela alternativa. Podemos fazer o mesmo, criar a nossa própria ou, ainda, ir alternando...
Nunca aceitei a idéia de ser uma coisa só. Tudo é muito pra ser tão pouco. Temos que escolher a profissão certa pro resto de nossas vidas e, não nos resta escolha a não ser escolher e rápido. Temos mil possibilidades e somos tão miúdos perto da gente mesmo. Uma reta é a menor distância que nos liga a um erro. Não temos asas porque podemos criá-las. O rio acerta sempre seu caminho porque não tem nenhum pudor em curvar-se perante as insinuações com que se depara, muito menos de levar consigo tudo aquilo que pode ser levado. O rio sabe onde vai e por isso não se assusta com as quedas d’águas. Já viu um rio triste por não ser perene? Ou uma nascente frustrada por não ser foz?
A gente segue, em frente, seguindo pegadas, acreditando que insistindo no caminho errado ele se tornará correto; perseguindo o determinado acreditando que, um dia, se consiga acertá-lo em cheio e vencê-lo pelo cansaço; criando raízes em solo infértil e deixando nossos cactos pelo chão. Esquecemos que se na chegada tem uma parada, podemos a qualquer momento chegar e escolher outra jornada. Os incomodados que emudeçam e deixem que mudo eu.
A melhor maneira de se calcular o percurso é não esperar a chegada do resultado. Deixar que o mundo gire e se encarregue de ser mundo. Deixar que aconteça a vida e vivê-la, se respeitando e tendo boa vontade própria, sabendo que somos um, que o tempo passa e, logo, temos que ser um a cada tempo. Entender que ser o mesmo é ser diversos e que especializar-se nas generalidades é natural do gênero humano.
segunda-feira, 20 de abril de 2009
Mesmice e redundança
Esse texto foi produzido por Josenilson, Lord Biscoito, irmão que fiz na faculdade de Engenharia. Tão irmão que permitiu que eu destilasse um pouco de minha irônia em seu texto, eu "detextaria" que alguém fizesse isso com um texto meu. Rs...Valeu pela colaboração, meu velho. Estamos precisando tomar aquela mesma bebida e gelada do mesmo jeito como sempre...Rs. Mais uma vez, obrigado pelo apoio!
Despertador tocando, são cinco horas da manhã. É hora de levantar e começar a rotina. Isso se repete todos os dias. Será mais um dia de trabalho e estudos. Vou pegar o ônibus e encontro os mesmos amigos que pegam o mesmo ônibus todos os dias no mesmo horário. A mesma dança de passos marcados. Entro no ônibus que segue a mesma rota todos os dias. Do nada um diz: “o sistema é bruto”, o outro concorda. Mudou o rumo da prosa, agora é sobre futebol, depois sobre violência ou qualquer outro tema previsível. Sempre a mesma conversa paralela que, por ser paralela, nunca me toca. Meu despertador desperta bem mais a minha atenção. Às vezes não concordo com algumas coisas, outras tantas com nada, mas prefiro ficar calado, afinal, quando um não quer dois não falam besteira. Por que tudo se repete todos os dias? Durante o dia de trabalho, problemas e mais problemas para resolver. Por que os problemas não são os mesmos? Pelo menos os meus não são, senão eu teria logo a solução: A mesma solução de sempre. Quem quer mudanças? Quem quer mudar? Quem consegue esperar? Quem agüenta esperar? Pra começar, não quero mais do mesmo, quero mais do novo. Estou cansado de sempre correr atrás das coisas, agora quero correr ao lado delas. Como sempre, só eu pareço pensar assim...
A vida é um poema comprido e de métrica complicada, quase nunca rima, mas, diferente dos textos, é cheia de pontos finais.É preciso estar atento sobre nosso papel nisso tudo. É triste que se perca tanto tempo querendo obter resultados diferentes somando parcelas iguais. " A repetição leva a excelência", mas ao repetir sem pensar corremos o risco de não pensar com perfeição. Se a vida é um poema, prefiro ser como sempre fui: Eu diversos!
sábado, 18 de abril de 2009
Chegar ao ponto de corrida
Como um lugar maravilhoso pode ser maravilhoso por apenas uns dias? Pensei: O que faz do paraíso um inferno em tão pouco tempo? Será a “mesmice” do paraíso ou o inferno inquietante que arde dentro da gente? E como alguém pode afirmar uma coisa de forma tão categórica se o que é afirmado não passa de uma simples opinião? O que mais vemos no mundo são línguas cuspidoras de axiomas e mentes apóstolas de seus próprios postulados. Verdades absolutas que, por preguiça de pensar de quem fala e de quem ouve, parecem saltitar demente em mente.
A gente, gente das metrópoles, acha que ser feliz é ter grana, carro importado, apartamentos com vista pro mar, fazer parte e inventar eventos sociais, jantar em caros restaurantes, consumir em shoppings centers e ser chamados de doutores. Títulos, títulos... Esquecemos de pensar que, dessa forma, passamos tanto tempo correndo atrás de tudo isso que, mesmo quando as conseguimos, sequer temos tempo pra aproveitá-las. O que mais vemos são “bem sucedidos” que nunca terão dinheiro suficiente pra comprar a felicidade, que andam em carrões mas não conhecem outros caminhos pra caminhar, tem vistas maravilhosas pra admirar e enxergam menos de um palmo a frente do nariz de cera, que nunca perceberam a brisa que a brisa tem, que comem e não sentem o gosto da comida e, por isso, consomem ainda mais e mal. Isso é ser feliz? Acumular e só? Estão, esses, cada vez mais sozinhos tendo a companhia de analistas pelos consultórios à dentro.
Não se quer aqui fazer apologia à pobreza. Conforto é bom e todo mundo gosta, mas o mundo tem muito mais coisa a oferecer e se pode gostar de muito mais. Uma coisa, porém, é certa: É normal viver correndo sem parar pra poder parar um dia? Faz sentido viver se matando pra ter uma morte tranqüila? Farto, fazer do peito um trevo de frustrações e agonias ligadas por uma ponte de safena? Ter um milhão de problemas por procurar a“ tal” solução? Stress loucura ou não? Sim ou não? Hã?
A loucura vicia e todo vício faz mal. O sossego faz mal aos desassossegados, a simplicidade incomoda aos incomodados, o silêncio amplifica nosso pensamentos e como pensamos besteira o silêncio é mal, gente que pisa o chão descalço é triste aos olhos de quem pisa em toda gente, o pôr do sol é sem graça pra quem não tem a menor graça e a lua cheia em noite escura não é nada demais pra quem tudo já é escuridão, obscuridade.
Correr... Correr... Correr... Consumir... Consumir... Sumir... Se não estivermos atentos passamos de transeuntes a trânsito com toda a velocidade. Precisamos estar atentos pra não sermos pegos de surpresa perseguindo o ponto de partida, pra não nos fazermos estranhos a nós mesmo, pra não pensarmos como se não pudéssemos pensar, pra não pegarmos fila e filássemos a vida por muito pouco a troco de nada...
Que demora desse tio em sacar a $$##@%#%%$ desse dinheiro e, ainda por cima, trás mil contas pra pagar no caixa eletrônico...Arg!!!
sexta-feira, 17 de abril de 2009
Primeiro os primórdios
Vivemos num país onde temos um escândalo por dia, faltam dias pra tantos escândalos, é um atrás do outro ou na frente, sei lá... Já perdi o senso de direção e por pouco os sentidos. CPI virou parte do nosso vocabulário: Mais uma daquelas palavras que não servem pra nada. Não dá tempo nem de absorver o golpe e lá vem outro e outros... Nossa sociedade está mergulhada num intenso estado de catatonia. Ninguém vê ou ouve nada, nem mesmo aquilo o que se fala. Parece que virou moda ser resignado e aceitar de forma pacífica ou passiva tudo que aí está - tendência “ou trono/inferno” - que ser submisso é ser elegante e ficar calado é ter etiqueta. O inaceitável virou quebra-queixo: Duro, mas docinho de engolir. No Brasil quem tem boca vai a Roma, mas dá uma preguiça danada reclamar na rua do lado... E, assim, vamos subindo ladeira abaixo.
Deixemos a TV pensar por nós, assim temos mais tempo de ver TV. É assim que a TV quer te ver: Com o controle,ou a falta dele, nas mãos a escolher por qual cano quer entrar...Cano 1, 7, 11? Damos à televisão o melhor lugar da sala e permitimos que ela faça de Tiradentes um herói, de Evo Morales uma ameaça, de Lampião um desordeiro, da renúncia de Collor um impeachment e de Obama um pop star... “É sério, pô, eu ví na tv!”.
É preciso que se saiba ver as coisas por todos os ângulos, uma pirâmide vista do alto é um perfeito quadrado. O mundo é leitura. “Leia” o que se é dito e fique atento à pontuação, ao ponto de vista. Ligue a TV e assista tudo com muita atenção. Assista a canais distintos, confronte informações e mídias diferentes, mas não esqueça de, antes do ON, acender um vela à Santa Protetora dos telespectadores.
Ah, sim...O tal texto antigo, tava quase esquecendo...
Pois é chegada a hora do levante.
Nesse país onde a miséria não dá trégua,
Sejamos ponto. Sejamos Virgulino.
Nessa pátria onde não se faz luz,
Não nos acanhemos. Sejamos Lampião, ou tal como.
Não nos deixeis manipular ou esmorecer.
A justiça se faz cega porque o horizonte é negro.
Não sejamos covardes. Sejamos conselheiro.
O poder da revolta é o galope da revolução.
A vergonha é a catapulta da mudança.
Não tenhamos a cara pintada.
Estejamos limpos: mãos, corpo, alma e coração.
Não sejamos cabisbaixos. Falemos alto. Nos façamos ouvir.
Se sabemos que tudo está errado.
Por que esperar que outros venham mudar.
Onde estão os brasileiros?
Por onde se escondem, se escondem em que lugar.
Eu só acredito e tenho certeza de uma coisa:
Levantai-vos povo brasileiro.
É chegada a hora do levante!!!
quinta-feira, 16 de abril de 2009
Pão contexto: Entre e faça parte do que parte você já é.
Pão contexto. Alimente-se de cultura e digerirás o mundo!