terça-feira, 20 de novembro de 2012

Dia da Consciência Negra


                           
                          Mais uma lição que meu sertão me ensinou numa época em que eu nem pronto pra aprender estava: Todo mundo é igual! Afinal a água que falta pra Chico, falta pra Francisco e goela seca é seca goela, mesmo sendo ela preta, branca ou cor de abróba...
                          A mim me parece - redundante é a sua mãe! – esse dia ser quase um apartheid cívico, uma segregação social agendada em calendário, um dia “especial” criado para lembrarmos todos juntos que somos diferentes e, assim, está concedida a licença, com dia e hora marcada, pra recomeçar a presepada...
                         Racismo é filosofia de desocupado, então: Vão cuidar de varrer o terreiro ou ariar umas panelas, rebanho do que não presta!

domingo, 18 de novembro de 2012

Quando a gente abre a janela, o sertão bate à porta

              Acabei de desligar o telefone. Do outro lado da linha estava minha avó – que eu chamo de mãe como, eu acho, toda avó deveria ser chamada – desliguei e pela cabeça me passaram lembranças que quase não as reconheço como minhas. Lembrei-me de quando cheguei à cidade grande, das coisas que me chamaram a atenção e das tantas outras que me deixavam tenso. Achava estranho que toda a gente estivesse com pressa, mas andassem em separado, em direções diferentes – é que em minha terra só se tem um evento por vez e, quando há, com ou sem pressa, todo mundo vai junto pra o mesmo lugar; e como achava irritante dar um bom dia e não ouvir nada como resposta. Aquilo me deixava contrariado!!! Hoje deixa um pouco menos... E percebo então que a boa educação - a boa mermo! – é aquela que consegue ignorar a falta que ela faz no outro.
             Desliguei o telefone e fui desligado pra a janela dar uma conferida no céu. Céu escuro, nublado, pesado, denso... Tempo feio, pensei!
 -Alô?! Mãe? Sô eu.
 -E puracaso eu não sei?!
-Bença, mãe!
-Que Deus te abençoe, ilumine e lhe dê vergonha...
-Tá tudo bem, mãe? Como estão as coisas? -Tá sim, meu fio. Tá chuveno! Céu bonito! Tempo fechado! A chuva parece que vai dar uma estada mais demorada por aqui... E aí? Como tá o tempo?
- Tá bonito, mãe... Tá bonito!
 (...)

domingo, 2 de agosto de 2009

À vontade

Quando se deixa o poeta à vontade é que ele sente ainda mais vontade de ser poeta.
Assim começo essas linhas como tantas outras que comecei sem saber, ao certo, onde parar.
Linhas são como copos d’água em mãos sedentas, como piscinas em tempos de verão que não se vê ou como coração em dias de cada dia.
Por isso agora podes ler essas linhas embebidas de desejos e vontades próprias, minhas próprias vontades.
Sou um amante dos extremos. O caminho do meio sempre me pareceu meio sem graça.
Em minha poesia, é esse sentimento que me norteia: Fazer o sul está na linha logo abaixo.
Frases que se encaixam uma a uma e palavras intrusas que as permeiam.
Onde mais sou eu de verdade?
Minha inquietação é frase incerta, palavras malditas ou qualquer coisa por menor.
Será isso tudo vontade de... VONTADE sempre ela. Percebe?
Em meus raros sonhos de poucas horas mal dormidas que, de tão leves, se confundem com a vigília, eu sonhei ou pensei:
Se posso ter a tudo e conquistar a tudo mais, quero trazer tudo comigo. Ter meu mundo no bolso...
Conhecê-lo ao fundo como conheço as cédulas da minha carteira vazia.
Saber que a vida não é feita só de passos adiante... A vida é uma caminhada e em todo caminho há retornos, curvas e placas caídas... Ah! há sempre gente pedindo carona também.
Descobrir que ser feliz é saber que se pode ser feliz quando se bem quiser e lembra disso a todo momento.
E depois escrever isso – o que eu bem entender - às quatro páginas do mundo afora pra aqueles que não entendem.

domingo, 19 de julho de 2009

Pretérita espera futura

A noite chegou...
Parecia estar de luto, ela, a noite.
Pesada, calada e fria.
Nada esperado havia acontecido naquele dia.
Havia esperado pelo dia errado.
A noite foi sendo ela mais e mais e
Fazia das estrelas luz em sua escuridão.
Dos insetos então fiz companheiros,
Dos pensamentos sombras e sobras
E do relógio, fora de hora, fiz adoração.
Assim tudo prosseguiu naquela noite: Parado.
Minha inquietação fez de mim mobília da sala assombrada
E do espelho vitrine de reflexões sob minha óptica.
Foi então que o hoje daquele dia virou aquele amanhã seguinte.
Tudo que não havia chegado no dia anterior,
Chegou naquele dia, no dia depois daquele...
O dia seguinte nunca chega no dia em que se espera por sua chegada.

Baboseira

Minha sala ampla é do tamanho do meu mau humor que não tem mais tamanho.
Cansado de tudo e de todos por todos parecerem iguais.
Vivo cada dia como se fosse o último, mas isso nunca acaba.
A morte é um descanso quando a vida é um descaso.

A vida é imoral e todos que sabem disso nada fingem saber.
Agem como se o passo seguinte fosse uma perseguição.
Cada um escreve sua história, mas falta criatividade em cada uma delas.
Uma delas é minha, as outras são deles e juntas são nossas.

Difícil é seguir a vida como se ela tivesse vontade própria.
Se a vida corre à rédeas soltas só significa que há rédeas e toda rédea tem sua função.
Imposição pra mim é a lei e toda lei deve ser imposta!
Que seja do meu jeito ou de outro, mas que seja como eu quero.

Que a noite escura seja, assim, escura por minha vontade.
E que o dia surja sempre ao mesmo horário por ser pontual o meu amanhecer.
Que eu acredite que só há desespero pra aquele que não sabe esperar;
E que eu nunca me desespere por esperar acreditar nessa baboseira.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Curto frases curtas

Se eu pudesse fazer tudo o que quero eu não iria querer mais nada!

quarta-feira, 10 de junho de 2009