domingo, 19 de julho de 2009

Pretérita espera futura

A noite chegou...
Parecia estar de luto, ela, a noite.
Pesada, calada e fria.
Nada esperado havia acontecido naquele dia.
Havia esperado pelo dia errado.
A noite foi sendo ela mais e mais e
Fazia das estrelas luz em sua escuridão.
Dos insetos então fiz companheiros,
Dos pensamentos sombras e sobras
E do relógio, fora de hora, fiz adoração.
Assim tudo prosseguiu naquela noite: Parado.
Minha inquietação fez de mim mobília da sala assombrada
E do espelho vitrine de reflexões sob minha óptica.
Foi então que o hoje daquele dia virou aquele amanhã seguinte.
Tudo que não havia chegado no dia anterior,
Chegou naquele dia, no dia depois daquele...
O dia seguinte nunca chega no dia em que se espera por sua chegada.

Baboseira

Minha sala ampla é do tamanho do meu mau humor que não tem mais tamanho.
Cansado de tudo e de todos por todos parecerem iguais.
Vivo cada dia como se fosse o último, mas isso nunca acaba.
A morte é um descanso quando a vida é um descaso.

A vida é imoral e todos que sabem disso nada fingem saber.
Agem como se o passo seguinte fosse uma perseguição.
Cada um escreve sua história, mas falta criatividade em cada uma delas.
Uma delas é minha, as outras são deles e juntas são nossas.

Difícil é seguir a vida como se ela tivesse vontade própria.
Se a vida corre à rédeas soltas só significa que há rédeas e toda rédea tem sua função.
Imposição pra mim é a lei e toda lei deve ser imposta!
Que seja do meu jeito ou de outro, mas que seja como eu quero.

Que a noite escura seja, assim, escura por minha vontade.
E que o dia surja sempre ao mesmo horário por ser pontual o meu amanhecer.
Que eu acredite que só há desespero pra aquele que não sabe esperar;
E que eu nunca me desespere por esperar acreditar nessa baboseira.