domingo, 18 de novembro de 2012

Quando a gente abre a janela, o sertão bate à porta

              Acabei de desligar o telefone. Do outro lado da linha estava minha avó – que eu chamo de mãe como, eu acho, toda avó deveria ser chamada – desliguei e pela cabeça me passaram lembranças que quase não as reconheço como minhas. Lembrei-me de quando cheguei à cidade grande, das coisas que me chamaram a atenção e das tantas outras que me deixavam tenso. Achava estranho que toda a gente estivesse com pressa, mas andassem em separado, em direções diferentes – é que em minha terra só se tem um evento por vez e, quando há, com ou sem pressa, todo mundo vai junto pra o mesmo lugar; e como achava irritante dar um bom dia e não ouvir nada como resposta. Aquilo me deixava contrariado!!! Hoje deixa um pouco menos... E percebo então que a boa educação - a boa mermo! – é aquela que consegue ignorar a falta que ela faz no outro.
             Desliguei o telefone e fui desligado pra a janela dar uma conferida no céu. Céu escuro, nublado, pesado, denso... Tempo feio, pensei!
 -Alô?! Mãe? Sô eu.
 -E puracaso eu não sei?!
-Bença, mãe!
-Que Deus te abençoe, ilumine e lhe dê vergonha...
-Tá tudo bem, mãe? Como estão as coisas? -Tá sim, meu fio. Tá chuveno! Céu bonito! Tempo fechado! A chuva parece que vai dar uma estada mais demorada por aqui... E aí? Como tá o tempo?
- Tá bonito, mãe... Tá bonito!
 (...)

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