domingo, 26 de abril de 2009

Sertão

Esse foi o primeiro poema que escrevi e por esse motivo tenho um carinho especial por estes versos. Foi onde percebi que não precisava de rimas pra me fazer lido em poesia. Foi aqui que descobri o prazer de discorrer meus pensamentos e deixá-los, livres, fazerem o seu papel, onde notei que na ponta do lápis tudo ficava preto no branco, onde, pela primeira vez, me deparei com minha verdade em tons grafite. Foi aqui que tudo isso que não se sabe o quê ou, ao menos, o porquê começou...

Este poema foi escrito em homenagem a minha adorada cidade - Cipó-Ba - e a todos aqueles que, assim como eu, nasceram, cresceram, estudaram, moraram, veranearam...Enfim, tiveram uma relação mais íntima com essa terrinha abençoada.
É dedicada a todos aqueles que ao invés de criar raízes, escolheram criar asas. Asas para voar alto, desbravar fronteiras e descobrir o quão grande pode ser o mundo e a nós mesmos e que, depois de tudo isso, descobriram o quanto é bom voltar para nosso ninho, nossa terra, nossa referência, nossa Cipó...
É dedicada a todos que: Viram ou participaram da Semana Cultural; jogaram bola no Campo da Sucata, apostado geladinho ou tubaína; tocaram violão com a turma reunida nos degraus do Grande Hotel; participaram dos luais na Praia do Rio; tomaram banho na cascata de madrugada; comeram jaca nas noites de terça-feira; que conheceram o Zé da galinha, o lendário Bode biriba e a sedutora Madame Ray.
Não sei bem pra onde vou, sequer sei o rumo da minha romaria, mas sei que, logo ou talvez um dia, estarei em meu canto, minha terra, minha fortaleza, minha Cipó.
















Sertão

Nasci e me criei lá no Sertão.
Foi lá que aprendi a Sertão...
A Sertão forte, a Sertão digno e a Sertão feliz.
Se o Sertão é seco, é porque levamos toda a água nos óio e
Quando de lá estamos longe, irrigamos nossa terra com a oftoirrigação.
Mas as coisa por lá tão miorano,
Depois que as pranta da Caatinga fundaro uma tar associação.
Eu já vi Cabeça-de-frade dando luzes e Unha de gato manicure,
Se arrumando pra reunião com São Pedro, pra trazer água pra região.
Quem já ouviu o baruiu da inxada no chão seco e quente não se esquece...
Aprendemos a lição e batemos com a enxada do coração no chão seco da nossa mente.
Já vi Mandacaru morrer de sede no meio do verão...
Mas nunca hei de ver um cabra sertanejo deixando de sertão...
Sertão forte, Sertão digno e Sertão feliz.

( Vítor, você pediu e aqui está o poema de que tanto gosta. Abraço, meu velho)

5 comentários:

  1. Tudo que nos fortalece..estão nas nossas raízes...as vezes falo o qto posso não gostar do interior...mas a verdade é que há uma proteção, para sentir um pouco menos de saudade! É lá que nos faz ser..."Sertão forte, Sertão digno e Sertão feliz."

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  2. Já tinha lido este poema, mas não canso de apreciá-lo. É muito bom estar frente a frente com um texto dessa altura. Que caracteriza o sertão e o seu povo, que mostra o quão especial é aquele pedacinho 'perdido' no meio de tantos...Cipó! Ahh... Como eu amo aquele lugar!( só de falar o peito fica apertado de saudades).
    Parabéns, Adriano.Essas palavras caracterizam como nenhuma outra, o orgulho de ser Nordestino, de ser Cipoense.
    "Não sei bem pra onde vou (...) mas sei que, logo ou talvez um dia, estarei em meu canto, minha terra, minha fortaleza, minha Cipó."

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  3. Adoro, muito legal, toda vz que leio dar vontade reler, muitissimo obrigado por atender meu pedido grande amigo.To viciado no teu blog, adorei o texto do teu avô também.Continuo atento as atualizações. =D

    Abração!

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  4. Me lembrei de quando falei com você pela primeira vez. Estavas ao lado de Peu e o apresentou como Brad Pit (não sei ao certo como escreve) do Sertão. Acho lindo a forma de como você fala de Cipó. É sempre bom lembrar das nossas raízes... Elas são nossas bases! Beijo!

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  5. O Vitor tem razão de gostar. É um belo poema.

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