terça-feira, 28 de abril de 2009

Geometria ar seco

Fotografia de Gilmar Linhares

As margens paralelas dos rios não se cruzam por aqui.
Nesta terra o silêncio fala alto.
Aqui não tem rádio ou radianos,
Mas sobram graus nas têmporas a temperar.
Por todos os lados: sol e sal. Sal, sol e só.
Nada é parecido, similar ou adjacente. Calor!
Se sente. O chão quente a nos maltratar.
Maltratar com a pedra, o fogo e o ferro. Mormaço!
Nesta terra é proibido chorar
Por questões racionais, por racionamento.
Se o futuro a Deus pertence,
Será das águas, o diabo o senhor?

(Poema que teve como intenção mostrar e enfatizar a dificuldade da viva do sertanejo numa região tão seca e seu sofrimento frente a tudo isso. Mostra ainda a sensação de fim de mundo que tudo isso passa - infinitamente longe de tudo - e encerra questionando a fé que acalenta o peito desses homens. Será justo tanto sofrimento?)

Um comentário:

Pão Contexto. Consuma cultura e digerirás o mundo