sexta-feira, 24 de abril de 2009

Café

Poema feito em homenagem ao meu avô, meu herói eterno que, por ser eterno, será meu herói por toda minha vida enquanto vida, em mim, houver, Francisco Paes de Sena. " Adriano, não existe o ensinar, existe o aprender. Conjugue esse verbo e será tua tanto a responsabilidade quanto o mérito. Conjugue-o em qualquer pessoa e serás tu um bom sujeito". Aqui estou, meu velho, não sei se consigo ser tudo o que desejas, mas saiba que desejo ser tudo aquilo que te agrada. Que o senhor continue me iluminando para que eu consiga ser sombra do que tu és e que o Senhor me perdoe por tanta pretensão, mas isso foi o senhor mesmo que me ensinou...

Gosto do café amargo.
Porque esse é o gosto do café.
E, por isso gosto dele: Pelo jeito que ele tem.
Cada coisa tem seu jeito.
O jeito de cada coisa.
E, tem-se que gostar de cada coisa,
Por ela ser essa coisa e não outra ou coisa nenhuma.
Nunca reduzi as coisas a açúcar.
Nunca me agradou a idéia de tudo ser uma coisa só.
E, ao tomar meu café, amargo. Penso:
Que bom que não existe açúcar pra pessoas...

Ao meu Mestre, com todo o amor. Bacelar

8 comentários:

  1. é uma homenagem e tanto Adriano! isso faz vc e seu avô serem únicos, fiquei arrepiado com o texto!

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  2. Nem preciso dizer o quanto sua sensibilidade e delicadeza expressam em palavras o que realmente sentes...parece um filme! E já sou fã do seu avô e do café amargo...!

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  3. Maravilhoso!!!!!
    Que bom aceitar as pessoas como elas são, amargas ou não, doces ou não... Mas simplesmente como são.. Na sua verdadeira essência....
    Grande beijo, Adriano....

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  4. seu chico, velho chico, porque não meu avô também...... exemplo marido, de pai, de trabalhador, de pessoa..... simples que só ele, mas por ser tão simples é tão especial.... sertanejo retado, cabra da peste que só parou de trabalhar quando o corpo cansado pediu trégua e hoje, com sua voz mansa conta causos maravilhosos pra quem tiver a sorte de puder ouvi-los.. eu tive essa sorte.... se eu tiver a felicidade de ser metade do que ele foi, serei inteiro!!

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  5. Perfeito!!
    Gosto de quem gosto, exatamente como elas são...sem tirar e nem por (açúcar). Cada um com seu jeitinho especial, com sua essência...a vida seria insossa se tudo e todos tivessem um só sabor (amargo ou doce).
    E o amor nos traz a sabedoria de conviver com a dor e as delícias de cada um...

    É o que sentes pelo seu Vô, né? Amor!!

    beijos

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  6. Fiquei apaixonada pelo que li! Lindo poema.

    Que bom que você é "essa coisa e não outra ou coisa nenhuma." Seu avô deve ser muito orgulhoso pelo que és e pelo teu talento com as palavras. Essas mesmas... que permitiram tamanha homenagem!

    Nem preciso dizer (mas já dizendo) que sou FÃ.

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  7. Acho que,por ser quem sou...você já sabe tanto ou tudo sobre esse meu gosto..Principalmente quando se trata, em especial, desse poema..Toda vez que sinto saudadedes de cipó,do seu avô,da sua vó...tia..enfim...de tudo e todos esses que nem preciso conhecer,basta navegar nos seus poemas..Grande beijo da amiga e eterna fã..
    Mila J.

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  8. Perfeito! Caramba eu estou bestificada. Amei!

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